A mescalina é comumente encontrada nos cactos peiote e San Pedro.

A mescalina é considerada uma substância alucinógena, que pode ser encontrada nos cactos peiote (Lophophora williamsii e Lophophora diffusa) e San Pedro (Trichocereus pachanoi).
Sua estrutura química é relacionada às anfetaminas, mas é considerado uma feniletilamina de ocorrência natural.
Geralmente, o peiote pode ser encontrado nos desertos do sudoeste dos Estados Unidos e do México, enquanto o cacto San Pedro é mais recorrente na América do Sul.
Esses cactos têm sido usados em cerimônias religiosas de povos originários há milhares de anos.
Atualmente, a mescalina é uma substância ilegal, mas o uso ritualístico é permitido em alguns locais, principalmente onde a tradição das cerimônias religiosas com a substância ainda existe.
Não é proibido o cultivo do peiote em regiões em que ele ocorre naturalmente. Quanto ao cacto San Pedro, é permitido seu uso para fins ornamentais.
História e usos
Evidências arqueológicas sugerem que o uso desses cactos em rituais religiosos remonta a, pelo menos, 5 mil anos.
Durante a conquista da América Central e do Sul pela Espanha, houveram tentativas de suprimir o uso cultural, mas os povos originários dessas regiões mantiveram as tradições, resistindo à proibição dessa substância.
Nos rituais entre os nativos americanos, a mescalina é geralmente preparada cortando o cacto em pedaços finos, fervendo-os por algumas horas e ingerindo na forma líquida.
Outra forma de consumo é mastigar os botões que crescem do caule do cacto peiote. Esses botões também podem ser secos e moídos – e incorporados em cápsulas, como os cogumelos mágicos, ou até mesmo fumados.
Na cultura desses povos, a mescalina têm sido usada para curas espirituais e é apenas consumida em cerimônias religiosas.
Ao longo dos anos, diversos intelectuais e cientistas de interessaram pelas propriedades alucinógenas da mescalina.
Um exemplo é o autor Aldous Huxley, que descreveu suas experiências com a substância no livro ”As Portas da Percepção” (The Doors of Perception).
As propriedades psicoativas da mescalina, principalmente a alteração de percepção da realidade, também chamou a atenção de pesquisadores.
Alguns estudos analisaram o potencial do alucinógeno para uso medicinal, a partir da teoria de que essa classe de substâncias funciona no sistema nervoso central, aumentando o fluxo sanguíneo e criando novos tipos de conexões e padrões de pensamento.
Porém, a pesquisa sobre como a mescalina e outros alucinógenos funcionam no cérebro é limitada. Pelo fato de estar listada no Anexo I da Convenção das Nações Unidas sobre Substâncias Psicotrópicas, é difícil conseguir realizar estudos aprovados com a substância.
Efeitos
Normalmente, os usuários de mescalina experimentam alucinações visuais e estados de consciência radicalmente alterados.
Os efeitos fisiológicos e no sistema nervoso central são semelhantes aos do LSD, mas podem ocorrer alucinações mais vívidas.
Estes são geralmente considerados esclarecedores, proporcionando iluminação e bem-estar após o uso.
Porém, efeitos adversos podem acompanhar o consumo da substância, como ansiedade, paranoia, tontura, náuseas, vômitos, diarreia, batimentos cardíacos acelerados e dor de cabeça.
Nos usos religiosos estruturados, ataques de pânico e paranoia são raros.
As náuseas e vômitos geralmente precedem o uso da mescalina e são valorizados nas cerimônias religiosas pois são considerados uma limpeza espiritual.
Além disso, os povos nativos costumavam usar os cactos para tratar febre, resfriados, cegueira, dor e outras condições. Também têm sido utilizado nos rituais para tratar dependência química.
Seus efeitos podem começar a ser sentidos a partir de 45 a 60 minutos. Dependendo da dose, os efeitos podem durar de 4 a 18 horas.
A mescalina não é considerada fisicamente viciante, mas doses muito altas podem ser tóxicas.
Não é recomendado o consumo da mescalina fora das cerimônias religiosas tradicionais dos nativos americanos. O consumo recreativo ou medicinal fora dessas tradições não é considerado seguro.
Fontes: Drug Foundation; El Planteo; Nature e Science Direct.