Mais um estudo desmistifica a concepção de que ”maconha é a porta de entrada para outras drogas”.

Um novo estudo publicado no Journal of Adolescent Health relata que o aumento do acesso à cannabis legal está ligado à diminuição do uso de álcool, cigarros e opióides por jovens adultos.
Pesquisadores da Universidade de Washington conduziram o estudo para descobrir se a legalização da cannabis para uso adulto no estado de Washington levou ao aumento do abuso de drogas entre os jovens adultos.
Usando seis pesquisas estaduais realizadas entre 2014 e 2019, os pesquisadores coletaram dados sobre o uso autorrelatado de álcool, tabaco e analgésicos não prescritos por 12.694 jovens adultos entre 18 e 25 anos.
Os críticos da legalização costumam argumentar que a cannabis é porta de entrada para outras drogas, tornando os usuários mais propensos a usar substâncias pesadas e viciantes.
Com esse argumento sem base, os proibicionistas alimentaram os temores de que a legalização inevitavelmente levaria a um aumento no abuso de outras substâncias nocivas.
Porém, a legalização mostrou o inverso, não houve aumento de consumo de drogas em locais que regulamentaram a maconha para uso adulto. E o estudo provou exatamente este ponto.
Desde 2014, ano em que Washington começou a vender maconha legalmente, a “prevalência de uso de álcool […], consumo excessivo de álcool, uso de cigarros e prevalência de uso indevido de analgésicos no ano passado diminuíram”, explicam os autores do estudo.
“Ao contrário das preocupações com os efeitos colaterais, a implementação da cannabis para fins recreativos legalizada coincidiu com a diminuição do uso de álcool e cigarro e uso indevido de analgésicos”, concluiu o estudo.
Porém, é importante ressaltar que o uso de cigarros eletrônicos teve um aumento de consumo durante o período do estudo, mas não só no estado avaliado (Washington), mas em todos os Estados Unidos, bem como em outros locais, como no Brasil.
Portanto, é difícil correlacionar diretamente o uso de maconha legal com o aumento de vapes de nicotina, já que lugares que não possuem a cannabis legalizada, também tiveram um aumento no consumo de cigarros eletrônicos.
Na verdade, um outro estudo aponta que jovens adultos que vaporizam nicotina são mais propensos a experimentar maconha, e não o contrário. Com o álcool o mesmo se aplica: uma pesquisa publicada no Journal of School Health aponta que o álcool pode ser um dos responsáveis a fazer jovens a provarem substâncias ilícitas.
Essas descobertas indicam que, possivelmente, tabaco e álcool são portas de entrada para outras substâncias.
Os proibicionistas também argumentavam que a legalização levaria a um aumento no uso de cannabis entre adolescentes e crianças, mas pesquisas também dissiparam esse mito.
Dados do estado de Washington confirmam que o uso de maconha por adolescentes não aumentou depois que a maconha para uso adulto se tornou disponível, e outros estudos mostraram que o consumo de maconha por adolescentes se manteve estável ou até diminuiu nos estados norte-americanos que legalizaram a erva.
Adolescentes no Uruguai e no Canadá, os dois primeiros países a regulamentar totalmente a maconha, também não começaram a fumar mais maconha desde que se tornou legalmente disponível. No Uruguai, por exemplo, o consumo entre jovens diminuiu.
“Dados do mundo real de estados de legalização contestam alegações de longa data de que a cannabis é um tipo de substância de ‘porta de entrada’”, disse o vice-diretor da NORML, Paul Armentano, em comunicado. “De fato, em muitos casos, a regulamentação da cannabis está associada à diminuição do uso de outras substâncias, incluindo muitos medicamentos prescritos [opióides]”.
Fonte: Merry Jane