Se sua mãe é totalmente contra a maconha ou se ela tem curiosidade sobre o tema, mas o estigma ainda é mais forte, compartilhar informação é o caminho para quebrar pré-conceitos.

Sabemos que com décadas de proibicionismo, a percepção que muitas mães têm da maconha não é das melhores.
Quem nunca ouviu a mãe falar: ”maconha mata neurônios”?
Para quem quer tentar mudar a visão distorcida que a ‘progenitora’ tem sobre a erva, separamos alguns conteúdos (com embasamento científico, claro) para esse debate.
Uma dica interessante é começar a introduzir o tema dos benefícios terapêuticos da maconha. Com um número crescente de pesquisas científicas sobre os efeitos medicinais da cannabis, fica mais fácil introduzir o debate com menores ”ruídos”.
Além disso, é importante mostrar que maconha não se resume apenas a ficar chapado, existem muitos benefícios associados à planta.
Depois, você pode seguir para o tema ”legalização”: apontar quais países já legalizaram, a população favorável, mais pessoas aderindo ao consumo medicinal e recreativo… Por fim, esse último tópico (”consumo recreativo”) é o que costuma gerar mais tensão. Tente abordar tal consumo assim como o álcool e o tabaco, que são substâncias normalizadas mas trazem mais malefícios do que a maconha.
Se sua mãe é ”legalize”, também vale compartilhar os conteúdos… Afinal, compartilhar informação de qualidade nunca é demais.
De bônus, recomendamos alguns documentários que interseccionam ”mulheres e mães” com a cannabis.
O organismo humano tem um sistema todo dedicado à cannabis
Artigo 01: ”The endocannabinoid system: Essential and mysterious” – Universidade de Harvard.
Nosso corpo e cérebro possui diversos receptores e uma rede de sinais químicos responsáveis por regular diversas funções do organismo e mantê-lo em equilíbrio: esse é o sistema endocanabinóide.
Os receptores canabinóides CB1 e CB2, presentes no nosso cérebro, servem para aumentar ou diminuir a atividade de qualquer sistema que precise ser ajustado, seja fome, temperatura ou estado de alerta.
Para estimular esses receptores, nossos corpos produzem moléculas chamadas endocanabinóides, que têm uma semelhança estrutural com as moléculas da planta de cannabis.
E a parte mais ”louca” desse sistema é que os canabinóides presentes na maconha (CBD, THC, CBN…) se ligam diretamente aos receptores canabinóides, ajudando a regular diversas funções.
Ou seja, esses canabinóides funcionam como ”chaves” que se ligam às ”fechaduras” (os receptores canabinóides) feitas sob medida para recebê-los.
Como ser contra uma planta que tem capacidade de se ligar diretamente com nosso organismo?
O corpo e cérebro humanos se desenvolveram para para ”receber” os canabinóides da maconha, o que reflete a domesticação dessa planta ao longo da história e a importante relação entre o desenvolvimento da humanidade e a Cannabis Sativa L.
Benefícios da maconha para saúde da mulher
Artigo 02: Cannabis and Women’s Health
Ainda sobre o sistema endocanabinóide: o útero também possui diversos receptores canabinóides. Portanto, esses compostos da planta podem ser benéficos para a saúde da mulher.
Pesquisas apontam que a maconha é eficaz para a dor da endometriose, bem como os demais sintomas associados à doença. Um outro estudo, inclusive, mostrou que os canabinóides podem ter um efeito antiproliferativo no tecido endometrial. Ou seja, os canabinóides têm o potencial de impedir a propagação do crescimento excessivo do tecido endometrial prejudicial.
Além disso, a cannabis é eficaz para as dores de cólicas, dores do parto e para diversos sintomas associados à menopausa.
Nesse último caso, um estudo recente da Universidade de Alberta (Canadá), mostrou que cada vez mais mulheres estão recorrendo à planta para driblar tais sintomas.
Maconha não é só ficar [email protected]
Artigos 03 e 04: 50 benefícios da maconha para a área da saúde e Como a cannabis pode contribuir com o meio-ambiente?
Como visto, a erva apresenta muitos benefícios para nossa saúde.
Muitas patologias e condições já têm a cannabis como tratamento eficaz comprovado. Inclusive, no artigo, todos os 50 benefícios estão embasados cientificamente.
Além disso, o cânhamo e sua fibra são alternativas sustentáveis que vêm se mostrando como promissores para o meio ambiente!
Maconha não mata neurônios
A afirmação de que a maconha faz mal para o cérebro veio de um estudo antigo feito com primatas, onde foram observadas mudanças nas células do cérebro. Porém, não foi relatada morte dessas células.
Estudos mais recentes mostram que a cannabis não prejudica o cérebro dessa forma. O que se sabe é que a erva pode ter influência sobre o cérebro de adolescentes, podendo afetar a concentração e motivação. Por isso, o uso de maconha de forma recreativa não é indicado para menores de 18 anos, assim como o álcool.
Em países onde a erva já é legalizada, a lei proíbe a venda e consumo recreativo para menores de idade. Exatamente porque não é indicado.
Contudo, pesquisas realizadas com pessoas mais velhas mostraram que, na verdade, a maconha pode promover novas sinapses, proteção do cérebro e crescimento de novas células cerebrais.
Exatamente por essas descobertas, a cannabis tem sido usada para tratar doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
Maconha não leva à violência
Artigo 06: ”Drogas: quanto custa proibir?”
Já foi comprovado que proibir é muito mais custoso e traz efeitos negativos superiores do que políticas de legalização.
Muitas pessoas acreditam que a maconha leva à violência, mas na verdade, o que leva à violência é a guerra as drogas, conforme explicado no artigo.
Além disso, em alguns países que já legalizaram a cannabis, as taxas de violência diminuíram, uma vez que você tira esse comércio e o consumo do mercado negro e regulamenta.
Cannabis, álcool e tabaco
Hoje é comprovado que a cannabis apresenta menos riscos do que álcool, opióides e tabaco, por exemplo, e não causa overdose.
Porém, existe, sim, uso problemático de maconha. Segundo um Professor de Medicina da Universidade de Harvard, existem pessoas que usam cannabis em detrimento do trabalho, da escola e dos relacionamentos, isso caracteriza o uso problemático.
Mas é algo bem diferente da dependência química, causada por substâncias legais como álcool, tabaco e medicamentos.
Um estudo analisou os danos de várias drogas (danos em relação ao entorno do usuário e danos para si próprio) e mostrou que a maconha é a ”droga” com menos riscos do que álcool, heroína, crack, metanfetamina, cocaína e tabaco. Assim como confirma o artigo.
Mesmo assim, muitas pessoas enxergam a erva como algo tão prejudicial quanto essas drogas – e não é.
Bônus: documentários
Dois documentários brasileiros que trazem o tema ”mães” e ”cannabis” são: ”Ilegal” e ”Estado de Proibição”.
Pode ser uma boa pedida para mostrar uma outra face da maconha para sua mãe.
Estado de Proibição (2019)
Idealizado pela Plataforma Brasileira de Política de Drogas, o filme traz a história de mães que desafiam a lei brasileira para cultivar maconha para o tratamento de seus filhos, assim como mulheres que perderam seus filhos pela violência – sobretudo a de Estado – associada à proibição das drogas.
Esse documentário traz as duas faces do debate sobre regulamentação da cannabis: se, por um lado, entende-se que o uso medicinal da maconha deve ser autorizado, por outro lado, os efeitos da proibição nas periferias ainda estão longe de serem compreendidos. Assim, trava-se um diálogo entre os usos sociais e medicinais da droga, e como a proibição afeta os dois campos.
Ilegal (2014)
O documentário reflete sobre o uso medicinal da cannabis, enquanto acompanha Katiele, mãe de Anny Fischer, que faz tratamento baseado com canabidiol (CBD).
Através da história de Katiele e sua filha, ”Ilegal” traz a importância do uso da cannabis medicinal, as dificuldades do acesso no Brasil e entraves que permeiam a obtenção de medicamentos à base de Canabidiol.
(Imagem de capa: reprodução Cannabis Now)