Por mais que a aceitação em relação à planta esteja crescendo, não é em todos os lugares que a maconha é bem-vinda, como por exemplo nas redes sociais. Políticas restritivas do Instagram, Facebook e YouTube, são responsáveis por excluir ou tirar do ar publicações e contas relacionadas ao universo canábico, diariamente. 

O Instagram do Ganja Talks foi mais um alvo de tais políticas, tendo sua conta banida da plataforma.

Por que?

Dentro dos termos de uso do Instagram e Facebook está o direito de excluir conteúdo e contas sem aviso prévio, conforme julgarem adequado, caso algo que você publique os coloque em risco de infringir a lei – levando em consideração que a sede da maioria das empresas de redes sociais fica nos Estados Unidos, onde a maconha ainda é ilegal federalmente. Esta parece ser a ”área cinzenta” em que a cannabis flutua como resultado de ser legalizada em alguns lugares, mas em outros não

Ou seja, de acordo com as Diretrizes de Comunidade e Termos de Serviço das redes sociais, se alguma publicação infringir as normas será bloqueada, restringida ou ”shadow banned” (quando a publicação ou a conta fica nas sombras, isto é, o algoritmo não ”entrega” as postagens ou o perfil, limitando o alcance). Se as publicações infringirem as normas múltiplas vezes, a conta poderá ser deletada permanentemente. 

(Imagem: No balão se lê ”Redução de danos de cannabis baseada em evidências…”. No box lê-se o aviso ”Esse post viola as diretrizes de comunidade. Bens e atividade ilegais. | Reprodução Canadian Students for Sensible Drug Policy)

Normas nada amigáveis

Cada rede social possui regulamentações diferentes. 

O LinkedIn parece ser a rede social mais acolhedora para a comunidade canábica. Dificilmente perfis e publicações são bloqueados ou excluídos da rede. Conhecido pelo seu foco mais ”business”, o LinkedIn tem se mostrado como uma alternativa a ser explorada pela indústria e a comunidade da cannabis que busca divulgar seu trabalho.

O Twitter também é um pouco mais simpático com a comunidade canábica, até mesmo permitindo a publicidade em mercados federais legais como o Canadá.

Instagram, Facebook, TikTok e YouTube – plataformas onde ”tudo” acontece – têm normas mais duras. A justificativa de tal rigidez é barrar conteúdos inapropriados. Porém, algumas diretrizes acabam sendo arbitrárias e excluindo conteúdos que não tem nada de impróprio. 

Muitas vezes, não importa se você está operando dentro da legalidade: a Inteligência Artificial (IA) dessas redes acaba ‘barrando’ conteúdos relacionados à maconha que eles julgam inapropriados, na tentativa de reduzir o mercado não licenciado, bem como retirar incentivos de consumo através de propaganda e venda.

Desde imagens até hashtags, o scan dessas redes busca por infrações das normas e pune com restrições, bloqueios e eliminação de publicações e contas.

No Instagram e Facebook, hashtags e legendas que contenham a palavra cannabis, por exemplo, podem levar à infração. No TikTok, vídeos que tenham palavras como ”weed” ou  ”maconha” também podem ser bloqueados. No YouTube acontece a mesma coisa. 

Imagens da planta, incluindo buds, folhas e grows também passam pelo scan da Inteligência Artificial, caso detectadas, as publicações são excluídas ou restringidas. Os stories também são alvos da IA. 

Após múltiplas detecções, o perfil pode ser restringido ou banido. 

(Imagem: reprodução CNN)

Apesar dessas restrições em relação a palavras e imagens, as redes sociais costumam ser mais moderadas com publicações e perfis educativos. 

Mas, às vezes, nem estes escapam das duras restrições, como foi o caso do Ganja Talks. O objetivo das publicações e do perfil como um todo sempre foi compartilhar e divulgar conhecimento, bem como criar um espaço para debates dentro do espaço da cannabis. 

Mas criadores de conteúdo canábicos acabam ficando à mercê das diretrizes austeras das gigantes das comunicações, que acabam se guiando pela lei do país onde estão sediadas.

O dilema das redes para a comunidade canábica

Na ‘Era das Redes Sociais’, tudo acontece nas mídias: divulgação de produtos e ideias, criação de conteúdo, educação, compartilhamento de informações. 

Para você conseguir ver e ser visto, é imprescindível estar presente nas redes sociais. Mas se o espaço que pode proporcionar visibilidade para o tema da maconha, é o mesmo que censura a comunidade, como lidar?

Espera-se que os criadores de conteúdo sobre a cannabis cresçam sua presença e, ao mesmo tempo, driblem as regras e o algoritmo para que suas postagens e contas não sejam excluídas. 

É complicado ter toda uma comunidade operando legalmente, mas que tem que estar sob rígidos controles e ameaça de restrição das redes. 

(Imagem: reprodução Leafly).

Mudança

Cada vez mais indústrias mudam suas políticas de maneira favorável à maconha, incluindo Amazon e Apple. Esses novos posicionamentos podem ser vistos, de certa forma, como pressão para o governo estadunidense mudar a lei federal em relação à maconha.

As gigantes das comunicações devem se unir ao movimento, mudando suas normas a fim de amparar a comunidade canábica.

Nesse sentido, um abaixo assinado está colhendo assinaturas em prol da atualização dos Termos de Serviço do Instagram, rede que mais tem banido conteúdos canábicos e onde se encontra a maior presença dessa comunidade. 

O abaixo assinado pede que os Termos de Serviço do Instagram sejam atualizados para refletir as mudanças nas leis em relação à cannabis, legal em um número crescente de países.

A proposta ainda argumenta que as diretrizes devem parar de punir empresas legais, comunicadores e influenciadores da área, e pede pelo fim da censura e supressão de conteúdos sobre a maconha. 

As 25.000 pessoas que assinam o documento concordam que ”o que queremos é educar os consumidores sobre produtos, eventos e legalização. Se o Instagram não atualizar seus Termos de Serviço, a #cannabiscommunity será forçada a levar nossas 10,2 milhões de hashtags para outra plataforma”. Por fim, o abaixo assinado expressa ao Instagram: ”A legalização veio para ficar e esperamos que você apoie”. 

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