A maior plataforma de vídeos que existe, vulgo YouTube, possui uma política bastante restritiva em relação a conteúdos cujo tema é a cannabis.
Vários canais já foram derrubados e vídeos sobre o tema sofrem restrições para serem exibidos. Mas nem sempre foi assim, na verdade, o YouTube já foi um espaço onde as pessoas podiam se expressar livremente sobre qualquer tema.
Quando as coisas começaram a mudar e as restrições surgiram, os produtores de conteúdo canábico tiveram que buscar novas alternativas.
A história do WeedTube
Esse controle do YouTube sobre conteúdos canábicos atingiu um vlogger em específico: Arend Richards.
Richards tinha um canal chamado ”TheStonerGay” no YouTube, que era basicamente um vlog, onde ele compartilhava conteúdos que iam desde gênero e sexualidade até reviews de produtos e ele fumando maconha com seus amigos. Para ele, o YouTube era um lugar onde ele podia se expressar sendo maconhista e homossexual.
A maconha, na verdade, tinha uma participação importante na vida de Richards, então, como um vlog, era comum ter vídeos com cannabis em seu canal.
Um dia, Richards publicou um vídeo na plataforma ensinando como fumar em um pipe. Apesar de parecer um conteúdo bobo, seu vídeo viralizou e, a partir disso, começou a carreira de Richards como criador de conteúdo.
Ele comenta, em entrevista, que ganhar dinheiro fazendo algo que ele amava, podendo se expressar da maneira que ele queria, foi o auge de sua vida. Alguns episódios que precederam sua vida de influenciador, como a expulsão de casa aos 16 anos, por ter ”saído do armário”, fizeram ele ir atrás do que realmente gostava.
A realidade de Richards no YouTube representa muito bem a realidade de ser um influenciador canábico na Era das Redes Sociais: você busca um espaço para se expressar sendo o que você é, fazendo o que você gosta e, felizmente, ganhando dinheiro com isso.
Mas as redes sociais parecem pensar ao contrário em relação à liberdade de criar conteúdos sobre maconha. De acordo com as diretrizes do YouTube (e de outras redes, como Instagram), conteúdos canábicos não podem ser expressos livremente.
Em 2018, começou a censura do YouTube, ao tirar do ar canais relacionados à cannabis, e ao restringir vídeos sobre o tema. Para Richards, parecia que ele estava perdendo um espaço importante que o acolheu inicialmente.
Como protesto, ele fundou o WeedTube, ainda em 2018, que é quase uma cópia do YouTube, com a diferença crucial de que os criadores de conteúdo podem postar sobre maconha, sem nenhuma restrição.
Um mundo verde
Existem diversas categorias de vídeo no WeedTube, todas relacionadas ao universo canábico, claro.
A maioria dos vídeos não são super elaborados e consistem em pessoas compartilhando sessions, desafios de maconha, reviews de produtos e vlogs. Você vai encontrar conteúdos que vão desde ”Fumando um antes do trabalho”, até ‘‘como germinar uma semente”.
A sensação do WeedTube é que se trata de uma plataforma de entretenimento para quando você está [email protected], e também para buscar informações rápidas sobre o universo da maconha, como por exemplo, como fazer um bong de gelatina.


Ou você pode passar horas assistindo a criadora de conteúdo Kimmy Tan tentando se maquiar enquanto fica chapada:


Desafios da plataforma
Apesar de ter vários canais, os vídeos não tem muitas visualizações, nem muitos inscritos, quando comparamos com o YouTube, por exemplo. Isso pode ser explicado, possivelmente, por ser uma plataforma nova e ainda não tão popular.
A monetização também não rende muitos lucros para os criadores de conteúdo. Por isso, apesar de influenciadores famosos terem migrado para o WeedTube no início, preferiram continuar no YouTube para garantir retornos financeiros, ainda que corram o risco de terem seus canais derrubados ou vídeos restringidos.
O próprio fundador do WeedTube, Richards, no início, voltou a postar conteúdos patrocinados no YouTube porque afirmou que precisava de dinheiro.
Com o tempo, ele passou a buscar patrocinadores da indústria canábica interessados em fazer publicidade no WeedTube, mas ele afirma que ainda é difícil redirecionar publicidade e criadores de conteúdo para a sua plataforma, que ainda é recente.
Outro grande desafio que o WeedTube enfrenta é conseguir manter a plataforma 100% focada em conteúdos canábicos. Pelo fato do WeedTube ter sido criado com o propósito de ser um espaço inclusivo e ”livre”, as pessoas acabam postando qualquer tipo de vídeo e esquecem que, apesar de ser um espaço para as pessoas se expressarem livremente, é um espaço dedicado à maconha.
Em entrevista, ele afirma ”As pessoas procuram sites de conteúdo de vídeo para fazer upload de material que não será removido, e nos tornamos um grande alvo disso”. E complementa que as pessoas vêem o WeedTube como ”apenas mais um hub de vídeo que não é excessivamente policiado como o YouTube, então isso tem sido um problema”.
Apesar dos desafios, muitos dos quais são reflexos de como funciona a internet hoje em dia, o WeedTube cumpriu seu objetivo principal: ser um espaço onde as pessoas possam compartilhar o que quiserem em relação à cannabis, sem se preocupar em ter seu vídeo restrito ou canal derrubado. É um lugar onde você pode se expressar livremente com a maconha, algo que Richards – e tantos outros criadores de conteúdo – sempre buscaram.