A cannabis avança, novas pesquisas surgem a cada dia, mais países legalizando, mais pessoas a favor, e o consumo crescendo.
Apesar dos progressos, o conservadorismo ainda se faz presente e traz obstáculos para a área canábica.
O Brasil é um ótimo exemplo disso: ainda que mais de 70% da população já tenha admitido ser a favor da cannabis para fins medicinais, e por mais que já exista um projeto de lei para regulamentar tal uso, o Executivo – bem conhecido por sua postura conservadorista (leia-se retrógrada) – já deixou bem clara sua posição contrária.
A nível internacional, uma reação conservadora à onda de legalização em um crescente número de países também está acontecendo. É sabido que a cannabis segue proibida sob regime internacional de controle de drogas e, apesar da ONU ter reclassificado o CBD, reconhecendo seus potenciais terapêuticos e industriais, o órgão regulador JIFE (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes) acaba de propor uma iniciativa para controle da cannabis, que, ao que tudo indica, parece ser mais um empecilho para o avanço da área.
Enquanto mais países regulamentam a planta e mais pessoas têm acesso aos benefícios da cannabis, o conservadorismo tenta frear esse movimento de avanço.
Mais um reflexo dessa postura conservadora foi o pedido da ONU aos países que já regulamentaram a cannabis para diminuírem a propaganda sobre a maconha.
Ao mesmo tempo que se coloca fundamental a disseminação de informação sobre a cannabis e a naturalização dos seus usos, a ordem parece ser: parem de divulgar.
Retrocessos
Todo esse cenário leva a uma série de barreiras para o desenvolvimento da cannabis em diversas esferas, e acaba prejudicando a sociedade de maneira geral.
Um reflexo disto é a suspensão de contas de redes sociais de quem fala abertamente sobre cannabis.
Há poucos dias, a conta do Instagram da @drcannabisoficial foi suspensa, pouco antes da realização do Congresso CNABIS. O perfil da Linha Canábica da Bá também teve sua conta derrubada recentemente. Tais perfis buscam, sobretudo, disseminar informação sobre a cannabis. A suspensão dos perfis ligados ao tema é vista como mais uma barreira ao desenvolvimento da área.
Estes são apenas alguns exemplos de entraves que o conservadorismo traz.
Outro exemplo muito claro foi o caso do aluno Eduardo Zindani, que foi desclassificado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), um dos institutos mais prestigiados – e concorridos – de educação superior no país, gerido por militares, por conta de consumo (legalizado!) de canabidiol.
Após fazer uso de CBD para controlar a ansiedade e estresse na reta final do vestibular, por indicação da mãe, Eduardo foi desclassificado do processo seletivo durante a inspeção de saúde. Foi detectado 0,39 ng/mg de CBD no seu exame toxicológico, o bastante para o ITA considerar Eduardo ”inapto”.
Apesar do CBD não ser mais uma substância proibida no Brasil, mas sim controlada, o Instituto manteve posição conservadora e negou a entrada do aluno, mesmo tendo excelente desempenho nas demais etapas do processo seletivo.
Eduardo e sua família estão recorrendo na Justiça para garantir que ele possa se matricular regularmente e seguir os estudos no ITA.
Precisamos seguir compartilhando informação, derrubar estigmas e quebrar pré-conceitos para combater o conservadorismo e o obscurantismo. A luta não pode parar!