O mês de junho abre espaço para diálogos sobre sustentabilidade, preservação ambiental e respeito às futuras gerações. E é por este motivo que nossas atenções se voltam à preservação e ao cuidado com o meio ambiente. Afinal, somos todos tripulantes da mesma nave e a Terra pede socorro.
O plástico descartável é umas das fontes mais destrutivas de poluição a nível mundial. Com o acréscimo de aditivos e resinas artificiais, uma simples garrafa plástica pode levar 500 anos ou mais para se decompor no meio ambiente. Por isso, é comum se deparar com imagens de embalagens com datas de 20, 30, 40 anos atrás.
A causa do problema
A criação do plástico totalmente sintético, feito à base de petróleo, carvão e gás natural aconteceu em 1907, com o propósito de substituir o marfim, matéria formada nos dentes dos elefantes, moldado desde o século XVII. Hoje, o impacto da produção e descarte do plástico no meio ambiente coloca às empresas e aos cidadãos o papel vital de repensar atitudes e maneiras de reduzir o uso desse material.
Além da problemática do descarte incorreto, a produção desses compostos, por si só, já é agressiva e promove inúmeros resíduos prejudiciais ao meio ambiente. E mesmo diante das ações de reciclagem e reuso de resíduos plásticos, o plástico permanece sendo uma profunda problemática ecológica.
A solução
Na contramão da destruição e do esgotamento ambiental, uma opção que se destaca na substituição do plástico é o cânhamo. Com mais de 25 mil utilidades possíveis, a fibra da planta é a matéria prima para produção de bioplástico, substituto ideal do plástico derivado de petróleo.
A partir de uma mesma planta, podem ser fornecidas as fibras para construção de materiais, roupas, abrigos, sementes altamente nutritivas, para citar apenas algumas potencialidades do cânhamo.
Assim, fica fácil entender a afinidade da nossa espécie com essa planta desde muito tempo, bem como os motivos que levaram os homens a transportar ela durante suas migrações para novos continentes. Inclusive, até a colonização brasileira teve participação da cannabis, presente nas embarcações e naus colonizadoras.
O cânhamo
O cânhamo se diferencia da cannabis ”tradicional” (utilizada para fins medicinais e uso adulto) por seu baixo teor de THC, geralmente não apresenta mais que 0,3% de THC por peso seco.
Além de ser uma fibra superior a tantas outras comumente utilizadas, o cânhamo ainda apresenta benefícios ao solo e aos produtores, em locais onde o cultivo e a comercialização são autorizados.
A possibilidade de rotação com as culturas já existentes proporciona uma nova fonte de renda, o cânhamo pode se adaptar bem a locais onde outras espécies não prosperam, representando uma nova chance para agricultores.
O cânhamo tem crescimento rápido e baixo custo de produção, além do fato de que seu cultivo é um dos mais aplicados e sustentáveis do mundo. Nosso país possui enorme potencial agrícola e condições climáticas favoráveis permitem que o Brasil se torne um grande exportador da matéria.
O plástico produzido a partir do cânhamo se torna um item biodegradável e não tóxico, ou seja, mais seguro para a saúde das pessoas e do meio ambiente. Exemplo esclarecedor disso é que, enquanto uma sacola plástica convencional levará séculos para se degradar na natureza, o bioplástico levará de três a seis meses. Naturalmente, isso significa que o bioplástico de cânhamo não é ideal para utensílios de longo prazo, mas é perfeito para os de uso único, ou seja, os famosos descartáveis.
É nessa onda verde que queremos surfar, é essa a onda verde capaz de prolongar a vida do planeta. Essa é uma das, se não a maior, revolução ecológica.