Enquanto muitos ainda defendem que a cannabis faz mal para a saúde e causa danos cerebrais, estudos mostram que o álcool pode ser o vilão da história.
Contrariando o senso comum
Devido ao proibicionismo da cannabis, muito preconceito se criou em torno da planta, portanto, é muito mais aceitável tomar uma cerveja ou um drink do que fumar um baseado, mesmo em países onde a ganja já foi legalizada. Mas, para o cérebro, por exemplo, o álcool pode ser mais danoso do que a cannabis, contrariando o senso comum.
Um estudo publicado na revista Biological Psychiatry aponta que o consumo de álcool, e não o uso do cannabis, está associado a mudanças na morfologia do cérebro.
Essa relação é importante pois a habilidade intelectual humana está relacionada à estrutura do cérebro, incluindo a espessura do córtex cerebral. Assim, é relevante entender como determinadas substâncias, como o álcool e a cannabis, alteram essa espessura.
Pesquisadores da University of Minnesota (EUA) avaliaram a relação entre a exposição ao álcool e à cannabis durante o início da idade adulta e a morfologia do cérebro. O estudo foi realizado em uma população de 436 gêmeos de 24 anos, no qual se observou a frequência, densidade, quantidade e nível de intoxicação pelo álcool e pela cannabis. Assim, os pesquisadores conseguiram reunir dados sobre como a cannabis e o álcool afetam a espessura cortical.
O verdadeiro ”perigo”
Os pesquisadores afirmam que ”nenhuma associação significativa entre o uso da cannabis e a espessura do córtex cerebral foram observadas”. A falta de efeitos específicos da cannabis na morfologia do cérebro é consistente com as revisões da literatura e grandes estudos de amostra, evidenciando que os efeitos da cannabis observados podem ser explicados pelo álcool comórbido.
Ou seja, o estudo mostra que as reduções na espessura cortical (que influenciam na capacidade intelectual) provavelmente representam os efeitos de exposição ao álcool e às características pré-mórbidas da predisposição genética para o uso indevido de álcool.
Esse não é o primeiro estudo que demonstra que o uso de álcool, e não da cannabis, está associado a mudanças negativas na morfologia do cérebro.
Cannabis e o cérebro
Uma outra revisão de literatura mostra que as associações já feitas entre cannabis e a função cognitiva de jovens e adultos são questionáveis, em termos clínicos. Além disso, a abstinência de cannabis por mais de 72 horas diminui os déficits cognitivos associados ao uso de planta.
Dessa forma, conclui-se: ”os resultados indicam que estudos anteriores com jovens que usam cannabis podem ter exagerado a magnitude e a persistência dos déficits cognitivos associados ao uso de maconha”.
Então, contrariando o que muitos dizem, a cannabis não influencia negativamente na capacidade intelectual e cognitiva, já aquela cerveja do final de semana pode não ser tão inofensiva quanto parece.
Fonte: NORML.